Quando pensamos em Cupido disparando flechas, logo imaginamos o coração sendo atingido, certo? Hoje talvez sim, mas, na Antiguidade grega, há registros de que o órgão “ferido” de paixão era o fígado, aliás, algo que também aparece nas tradições indígenas tupis. O imaginário simbólico do formato do coração e de ele ser a sede do amor foi cristalizado na Europa século XV, com antecedentes nos dois séculos anteriores. Nesse contexto, a escultura com argila intitulada “Coração”, de Natale Teixeira Carvalho, de Sorocaba, SP, reproduz justamente o formato tradicional como é representado esse órgão muscular, que bombeia o sangue para que seja transportado por todo o organismo. Associá-lo com flores, estruturas reprodutoras, é uma forma de homenagear a beleza da vida, que se nos apresenta das mais diversas maneiras na natureza para assegurar a sua continuidade.
Oscar D’Ambrosio