Para Mauricio Parra, a importância do processo artístico vai muito além do resultado. Apaixonado pelas técnicas, processos e suportes da pintura e possibilidades do universo da gravura, ele tem a convicção que o enfoque ético e profissional sobre o ato de pintar é mais importante do que a temática enfocada na obra plástica.
Nascido em 24 de outubro de 1976, em São Paulo, SP, o artista mudou com dois meses de idade com a família para Pindamonhangaba, SP, onde viveu até 2000. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Taubaté (Unitau) e, durante o curso, despertou para a prática da pintura.
Inicialmente, o seu trabalho foi marcado pela abstração. Começou, porém, a sentir a falta da figura em sua obra. Por isso, iniciou pesquisas estéticas que levaram a um segundo momento. Surgem então imagens de objetos cotidianos, como cadeiras, mesas, armários, liquidificadores e outros eletrodomésticos.
Faltava a inclusão da figura humana. Parra traz para a tela pessoas de suas relações afetivas e episódios da própria vida num estilo muitas vezes marcado pelo expressionismo. Com o desejo de mergulhar ainda mais na compreensão da arte como parceira fiel e umbilical de sua vida, Parra se muda para São Paulo, em 2001.
Inicia o curso de pós-graduação em História da Arte na Faap. Conhece então – e passa a frequentar – o ateliê do artista Rubens Matuck. A consequência de todo esse processo é o retorno à pintura de objetos do cotidiano, como guarda-chuvas, parafusos, martelos e conchas. Eles não são vistos pelo uso em si mesmos, mas pelas formas que evocam.
O caminho a ser trilhado é o da simplicidade cada vez maior. Isso inclui tanto a limpeza dos elementos constantes na tela como a feitura de uma pintura na qual o principal dado não é mais a realização de sucessivas camadas, mas inclusive criações alla prima, ou seja uma feitura rápida de menos retoques.
Após um período em que tinha como assunto da pintura o seu ateliê e os objetos que o circundavam, começou a dar espaço visual aos vazios. Na gravura, vale-se da água-forte, água-tinta e ponta seca, assim como várias formas de intervenção, seja com pó de café ou aquarela. O que move o artista é a capacidade de pesquisar sempre e de não se acomodar com cada resultado obtido por melhor que ele seja.
Oscar D’Ambrosio