O trabalho do artista plástico Gustavo Rosa, falecido em 2013, estava baseado em dois pilares: o desenho e a versatilidade. Daí vem o sucesso de uma pintura admirada por pessoas de todas as idades. Nascido na cidade de São Paulo, em 20 de dezembro de 1946, Rosa sempre lembrava que a sua primeira relação com arte ocorreu com três ou quatro anos de idade, quando pegou um carvão da lareira, começou a rabiscar as paredes brancas da casa e levou bronca dos pais.
Há no artista a capacidade de flagrar momentos e congelá-los. Figuras deitadas, vestidas ou nuas, também integram um universo em que o único pecado parece ser a perda da capacidade de criar. Por isso, o pintor não se filia a estilo, movimentos ou grupos de vanguarda.
A forma como trabalha os olhos também é uma marca registrada do artista paulistano. Ele os construía de maneira que sempre nos encaram, seja quando se trata de homens, mulheres ou mesmo cavalos ou gatos. O importante é que eles interagem com quem está de frente para as telas.
O seu maior comprometimento era com a capacidade de fazer parecer simples o seu saber adquirido, uma poética da limpeza em que a escolha de cores é primordial. Elas são um ponto essencial para que o lirismo proposto funcione. Surgem assim com naturalidade bocas pintadas de verde, olhos vermelhos ou pessoas com um olho de cada cor.
O compromisso de Gustavo Rosa nunca foi com nenhuma espécie de realismo. Sua premissa básica era a manutenção do dever de criar sempre. Assim, homens e mulheres nas mais diversas posições surgem com espontaneidade, numa mescla única de lirismo e humor. Para o artista, a realidade torna-se a matéria-prima de um trabalho sólido e consagrado, mas que desafia pela sua aparente simplicidade misteriosa.
Caminhava todos os dias para conservar a saúde, ciente de que, com o passar dos anos, a cabeça ia melhorando, mas o corpo definhando. Mergulhou assim no trabalho, em busca de ser cada vez mais sintético, percebendo que a sua pintura ia se aprimorando e que ainda tinha muito a descobrir. “Estou apenas começando”, costumava dizer.
Oscar D’Ambrosio