Procurar o novo incessantemente foi uma das principais qualidades da pintura do artista plástico Fang. Nascido na China em 1931 e radicado em São Paulo, SP, onde faleceu em 2012, ele buscou, em seus trabalhos, seja na pincelada ou na composição, incorporar elementos originais e indagadores.
O grande desafio a que o artista se propôs foi o exercício constante da observação. Isso permite uma maior e melhor exploração dos vazios, além da humildade de perceber que ser autêntico não significa esquecer o passado, mas construir, a partir dele e das próprias experiências, uma poética.
Fang conseguiu ser verdadeiro em sua pintura por ter atingido um nível artístico que escapa do estereotipado e dos modismos. Isso pode ser verificado na forma como trata o espaço. Ao introduzir elementos de estranhamento em suas composições, obriga quem vê a refletir e esse exercício valoriza a sua arte.
Seja em tinta a óleo, acrílica, sumiê ou aquarela, existe, tanto nas composições de naturezas-mortas com elementos surpreendentes, como regadores e brinquedos, ou em paisagens vistas de perspectivas sutilmente distintas do comum, uma coerência de busca de alternativas.
Um casario pintado pelo artista, por exemplo, não se concentra no assunto em si mesmo, mas na forma de compor as imagens e ocupar a tela. Torna-se assim evidente que o verdadeiro tema de Fang não está no que ele representa, mas na arte em si mesma, como mecanismo de autoconhecimento e de desvendamento do mundo.
Não ser superficial e deixar a imaginação livre são pressupostos da obra de Fang. Geralmente em tom pastel ou com um azul bastante característico, ela sempre se reinventou. Buscava dizer algo novo com um estilo e um pensamento plasticamente amadurecido sobre o que é pintura e como ela constitui uma interpretação pessoal e intransferível da realidade.
Oscar D’Ambrosio