É por intermédio de um buraco na base de uma árvore que a célebre personagem Alice entra no aclamado País das Maravilhas. As imagens de Penna Prearo trazem à tona a célebre narrativa de Lewis Carroll, mas sem realizar uma releitura ou citação direta. O que se apresenta é a criação de uma atmosfera mágica. O fotógrafo oferta ao observador uma série em que a lógica pode ser quebrada em nome da imaginação. Uma simples árvore se torna um portal, e uma casa abandonada pode ser uma paisagem belíssima, uma junção entre mundos, um convite a um mergulho em detalhamentos e nuanças insuspeitados. A água de uma piscina abandonada que reflete uma nuvem elimina as fronteiras entre céu e terra. O fogo da criação do artista dá ao elemento líquido a dimensão de uma espécie de espelho – e esse assunto remete novamente ao criador da personagem Alice, uma menina que trafegou em ambientes pouco convencionais. É justamente no estabelecimento de mundos improváveis ou estranhos que Penna Prearo mostra seu poder de olhar e de perceber o mundo como um leque de possibilidades em que existe o risco de cair na toca do coelho, mas também o de descobrir a cada instante um mundo cada vez mais maravilhoso.
Oscar D’Ambrosio