Onde está a beleza? A pergunta ganha muitas dimensões e pode caminhar pela filosofia, inclusive com reflexões e pensamentos sobre o próprio conceito de belo e sobre a beleza do grotesco. Trabalhos como o de Danilo Cunha, porém, nos permitem ver como um dedo de poesia no que chamamos realidade pode ampliar conotações.
A construção do lírico a partir do cotidiano pode nos escapar na correria da vida contemporânea. A tentativa de criar e reproduzir esse tipo de delicadeza com a menor artificialidade possível, sem maiores jogos de luz ou outras alterações, acaba por mostrar como o dia a dia pode ganhar magia com a inserção de simples detalhes.
O encantamento pode ocorrer pela estrutura de composição diferenciada, como a que coloca um belo e delicado elemento da natureza na saboneteira, nome popular do ossinho da clavícula, de uma mulher de cabelos soltos.
A solução visual, que gera um diálogo entre o orgânico do pequeno galho com seus componentes, o corpo feminino e uma sutil sensualidade estabelece uma poética atmosfera de frescor existencial a ser admirada.
Oscar D’Ambrosio