O tempo deixa cicatrizes. Elas se fazem presentes nos nossos rostos, mãos e corpo. Trata-se de uma extensão da dinâmica da natureza muito antes da existência do ser humano. A fotografia “Traços”, de Paiva Feliciano Afonso, de Lichinga, Moçambique, ao apresentar um tronco de árvore cortada, traz essa reflexão sobre a passagem pela jornada terrena, na qual cada linha circular indica um período da existência. Portanto, a imagem que ele traz corresponde a um retrato de um rosto em que cada sulco alerta para experiências de vida. Elas englobam todo tipo de vivência, tanto as que podemos considerar felizes como as que geram tristeza. Ambas têm em comum o fato de constituírem passos importantes em nossa trajetória. Olhar para um tronco passa a ser assim uma visão de nossas experiências passadas rumo a uma caminhada mais serena e madura para o nosso interior, em que cada marca seja vista como um ganho perene.
Oscar D’Ambrosio