É um bálsamo ver como a arte contemporânea consegue lidar com as intersecções entre diversas linguagens e estilos. Renato Sette mostra bem essa riqueza. Suas obras são pinturas, mas dialogam de maneira muito intensa com a tatuagem, o que pode ser visto como um elemento interrogador.
Como toda pergunta, tem dois aspectos: de um lado, funciona como uma resposta positiva para quem não tem a coragem ou a vontade de fazer uma tatuagem no próprio corpo e prefere ver essa manifestação visual em uma parede. Por outro, escapa da pintura no sentido mais rigoroso do termo, no sentido de um trabalho mais acurado de camadas ou veladuras.
O trabalho de Renato Sette trabalha nesse não-local sempre pantanoso, pois temos ali pintura, gravura, desenho e tatuagem conversando. Trata-se de um desafio para quem faz e para quem vê. Há ainda, além do aspecto técnico, a importância de refletir sobre a própria imagem, pois as maneiras de o artista articular aquilo que mostra é também um cruzamento de formas de expressão a ser aprimorada sempre.
Oscar D’Ambrosio