A arte é uma indagação permanente que se dá em diversos níveis. O primeiro deles está na pessoa que cria. Quais os fatores que a motivam a dispender a sua energia nesse processo? Seria uma necessidade, uma maneira de dar uma resposta perante o mundo que muitas vezes soa incompreensível?
O segundo está nas escolhas que o criador realiza para conceber o seu trabalho. Elas se dão na seleção da técnica, das formas, das cores, das tonalidades e do estilo. Sejam mais conscientes ou inconscientes, constituem as decisões determinantes para aquilo que cada observador verá e com o qual vai dialogar.
Chegamos ao terceiro ponto, quem vê. Ele recebe o trabalho das mais diversas maneiras, muitas vezes de maneira distinta daquela que o criador espera – e ter a humildade de lidar com esse processo é um ensinamento para todos os envolvidos. A pintura “Cristo do Morro de São Bento”, de Lícia Vallim, de Ribeirão Preto, SP, propicia uma jornada por esses universos.
A escolha do tema e a maneira de o representar é o mundo da artista. A utilização das cores quentes, da tinta acrílica e da verticalidade como forma de representação revela o conhecimento técnico e a sensibilidade, cabendo a quem vê o quadro expressar a sua relação com ele a partir de seus referenciais artísticos e vivenciais. Quanta magia!
Oscar D’Ambrosio (@oscardambrosioinsta) é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus.