Escrever uma biografia é um processo mágico e misterioso. Como mostra a pintura a óleo “O Biógrafo” (1985), de Milton Takada, diversas forças se mesclam nesse processo. Por um lado, está a magia de desvendar um mundo desconhecido daquele sobre quem se deseja falar. Podem ser utilizadas entrevistas, documentos, relatos, enfim, um sem-número de fontes, nem todas frias e objetivas. Por outro, há o mistério daquilo que que muitas vezes se descobre sem querer ou que muitos preferiam que não fosse descoberto. As forças que surgem no ato de contar, escrever e reescrever uma vida têm muito da ciência, mas também de ficção. Trabalha-se com o que aconteceu e com o que se imagina que aconteceu, em um jogo permanente de encontros e desencontros poéticos em que o real e o imaginário se mesclam. Biografar, afinal, também é sonhar com o que poderia ter sido e não foi; ou com o que foi e poderia não ter sido.
Oscar D’Ambrosio