Ao colocar adesivos impermeáveis dentro de canecas de alumínio, Mariana Maia lida com questões vinculadas à ancestralidade da cultura negra. Diversos aspectos se cruzam: desde a falta de água em parte da cidade do Rio de Janeiro à evocação histórica e presente das mulheres que levam latas na cabeça com o precioso líquido, em anos de exploração do trabalho negro. O ato de beber a água dessas canecas aponta para ingerir um pouco de histórias que precisam ser constantemente lembradas para que não se percam no tempo. Colocar essa marca cultural e vivencial em objetos do uso cotidiano constitui uma atitude não só plástica, mas de cidadania para a efetiva construção de uma sociedade mais justa que não esqueça de seu passado e respeite a todos no presente.
Oscar D’Ambrosio