A série “Vestígio”, de Lourdes Duarte, desperta reflexões sobre dois movimentos vivenciais que estão profundamente conectados. Por um lado, a instalação lida com a fragmentação. Significativamente, esse ato de divisão em partes gera uma multiplicação, pois cada uma delas amplia, de maneira infinita, as conotações visuais e existenciais. Trata-se, portanto, de um processo em que a unidade perdida está, ao mesmo tempo, aquém e além da soma das partes. O que predomina são os vestígios, ou seja, a possibilidade de ver as formas vazias moldadas em gesso e reproduzidas em barro como um indício da transformação permanente de cada um de nós e do mundo. Essa metamorfose induz, portanto, a pensar simbolicamente sobre os cheios e vazios de nossa existência.
Oscar D’Ambrosio