O Beijo de Judas
A arte é uma motivação para refletir sobre a vida. Quanto mais essa característica é cumprida, maior fica a possibilidade de se olhar um trabalho de maneira crítica. Muito mais do que oferecer respostas, uma manifestação visual ou escrita se valoriza e é lembrada pelo potencial de indagar tudo que está ao nosso redor, principalmente o que é menos visível.
O artista Alex Carrari traz, em suas criações, indagações permanentes. Isso se dá por meio das formas e das cores, principalmente, em composições em que geralmente seres com forma humana surgem como protagonistas de narrativas do viver. Uma pintura como “O Beijo de Judas”, por exemplo, em óleo sobre papel kraft, nos leva a pensar inicialmente sobre a traição.
Mas a complexidade é muito maior, pois quem trai tem as suas motivações e, dizem, quem é traído, de uma forma ou de outra, sempre soube que isso aconteceria. Colocar esse jogo em imagens significa perceber que a vida se dá nas mais diversas relações entre aquilo que se procura e que, de fato, se consegue.
O movimento da arte, como mostra Alex Carrari, se cristaliza no ato de ver, sentir, pensar, realizar e observar. Perante a realidade que se vive e as emoções que são vivenciadas, o criador pensa e constrói o seu trabalho. Cada um que o contempla, dá a sua interpretação de acordo com a própria experiência e sensibilidade. E, assim, a caminhada de viver continua...
Oscar D’Ambrosio (@oscardambrosioinsta)é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Responsável pelo Instagram @oscardambrosioinsta e coordenador do projeto @arteemtempodecoronavirus.