Sementes
Cada dia de nossa existência é uma espécie de plantar de uma semente. Cada ação realizada, de certa forma, constitui uma espécie de passo para a colheita que será realizada mais cedo ou mais tarde. Assim vamos realizando a nossa jornada existencial, com acertos e erros; e encontros e desencontros.
A pintura "Sementes", de Fabiano Gonçalves, surge a partir de experimentos visuais do artista usando o contorno das mãos. Temos assim uma discussão repleta de possibilidades sobre aquilo que cada um de nós pode ou não controlar nessa caminhada pelas veredas existenciais, em que as surpresas se fazem muito presentes.
A simbologia das mãos indica exatamente a capacidade do ser humano de construir ou de destruir, de plantar ou de colher, de ver o nascimento ou a morte de iniciativas. Contornar as mãos, nesse contexto, equivale a uma reflexão sobre a nossa própria capacidade de fazer e de desfazer situações de acordo com humores e temperamentos.
O conceito de semear aponta também, de certa forma, para a visão que se tem do futuro, pois plantar indica justamente acreditar no presente para poder colher o resultado do esforço realizado no futuro, em veredas vivenciais em que certamente existem muitos percalços, mas que podem ser superados enquanto o chamado do entusiasmo do existir permanece vivo.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus.
