A arte tem muitos fascínios. Talvez o principal deles esteja na capacidade visual de reunir elementos distintos que se articulam para gerar novos significados, muitas vezes inesperados, em combinações que adotam diversas características. Essa característica desperta no observador diferentes formas de se relacionar com a arte.
A mais rica delas parece ser a ativa e interpretativa. É o que ocorre com o trabalho de Camila Boranga (@camilaborangabaptista) intitulado “Pássaro”, obra realizada com tinta acrílica sobre tela que lida com, no mínimo, três elementos densos simbolicamente que atuam de maneira muito forte em nosso imaginário individual e coletivo.
A presença da árvore, que simbolicamente domina o universo inferior (raízes), o terreno (o cotidiano) e o superior (pelos galhos que se abrem para o céu) indica essa prevalência da força da natureza, enquanto o pássaro azul no coração dela funciona como uma energia existencial a palpitar.
O elemento orgânico, relativo ao corpo humano, se faz presente na representação de uma imagem que pode ser identificada com um cérebro, um pulmão, enfim com aquilo que nos mantém vivos enquanto humanos que respiramos e pensamos. Assim, a humanidade continua seu curso com nosso desejo de voar pelo espaço a se consolidar pela arte.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus.