Obra de Candido Portinari (1903 – 1962) pintada na cidade de Petrópolis, RJ, em 1944, “Retirantes” integra o acervo do Museu de Arte de São Paulo (MASP), sendo um dos principais trabalhos do artista de Brodowsqui, SP, e considerada um dos marcos da arte brasileira de todos os tempos.
O trabalho retrata uma família de retirantes, com quatro adultos e cinco crianças, com cores e expressões faciais que indicam sofrimento. Sentimentos de angústia e cansaço e são transmitidos no ambiente semiárido, numa obra que condena as desigualdades sociais e apresenta aspectos que aludem à morte, como restos de ossos no chão e urubus.
“Os Retirantes Nordestinos”, de Cácia Lima, de Maceió, AL, retoma o tema de maneira a valorizar a presença da cor. Estão ali diversos elementos da obra original, só que com tonalidades bem mais quentes. Podemos identificar o céu róseo, a família em meio à vegetação seca, a caveira e o animal esfomeado.
A artista consegue dar profunda expressividade a uma visão de mundo marcada pela melancolia e pela desesperança. Ela trabalha com um plano mais aberto do que Portinari, o que enfatiza a influência do ambiente naquelas pessoas que buscam sair da cruel realidade conhecida para um local desconhecido onde procurarão realizar os seus sonhos.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br