As asas do sanfoneiro
Toda arte é uma forma de dialogar com o mundo, mas a escultura tem um fascínio a mais pela sua capacidade de girar 360º. Isso cria múltiplas possibilidades não só de visão, mas também de interpretação. Aquilo que se vê pode ganhar continuamente novas dimensões... e rodar... sem parar...
A obra de Samuel da Silva Junior consegue dar som ao metal. Quando se observa a imagem do acordeonista que ele cria, logo vêm à mente a figura da maior referência nacional do gênero, Luiz Gonzaga, o compositor e sanfoneiro Gonzagão, que conseguiu nos levar para o Nordeste com clássicos como “Asa Branca”, entre outros clássicos.
Não é à ao que os anjos geralmente são associados à música, pois essa manifestação artística nos levanta do chão e consegue transmitir inesperadas emoções e sentimentos de estar no mundo, seja de fuga da seca ou do seu enfrentamento, ou do amor que temos por uma pessoa específica ou pela humanidade.
Ao som de sanfonas, muitos se encontraram e se afastaram. Não são poucos os que descobriram novas realidades e caminhos de expressão. Com sua matéria-prima aparentemente árdua e fria, Samuel da Silva Junior cria maneiras de um caloroso e carinhoso viajar pelos sentimentos e emoções. Que assim seja sempre!
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br