O Folclore está em nossa alma. Em “A Cuca”, obra da Série O Terceiro Dia, o artista Romário Batista mostra um dos personagens fictícios que despertou nele o interesse em pesquisar o folclore brasileiro. Ele, quando menino, inclusive fugia de casa, em Itamaraju, Extremo Sul da Bahia, para assistir, na televisão das casas dos vizinhos, a série “O Sitio Do Pica-Pau Amarelo”.
Com seu estilo caracterizado por traços geométricos em preto e branco, o artista desperta nos jovens a vontade de conhecer personagens da nossa tradição popular, como a Cuca, geralmente representada por uma bruxa velha, com cara de jacaré e garras nos dedos, que rouba as crianças desobedientes.
A Cuca tem suas raízes a partir de uma lenda galego-portuguesa, a da Coca, também chamada de bicho-papão ou fantasma, representada por uma abóbora oca, com buracos na boca, no nariz e nos olhos. Ela era tão temida que virou canção de ninar: “Vai-te coca vai-te coca/ Para cima do telhado/ Deixa dormir o menino/ Um soninho descansado”.
No Brasil, temos: “Nana neném/ Que a cuca vem pegar/ Papai foi na roça/ Mamãe foi trabalhar”. Conta ainda a lenda que ela só dorme uma noite a cada sete anos e que, quando completa mil anos, aparece um ovo próximo a sua casa, e dele surge uma nova Cuca, cabendo à velha lançar um feitiço, dar um grito e se transformar em um pássaro de canto triste.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br