A arte pode nos cativar por várias razões. Uma delas está no impacto que pode causar. Uma imagem comunica muito, naturalmente, por aquilo que mostra, mas, talvez, o mais importante esteja justamente naquilo que ela esconde e no que sugere pela maneira de lidar com as pinceladas, formas, cores, tonalidades e indagações.
A arte digna desse nome tem a função de nos interrogar a toda instante. Existe nela o potencial de criar mistérios e dúvidas que podem nos remeter a outras dimensões, penetrando naquelas do que não é visível, conectando distintas maneiras de sentir, compreender, interpretar e expressar o mundo.
As pinturas de Marcelo Lopes (@marcelolopesarts) apresentam essa mágica caraterística de encantar o observador de várias maneiras. Por um lado, existe um movimento expressivo, de um processo criativo que vem de dentro para fora no sentido de proporcionar força visceral ao trabalho, mas também existe um olhar atento a captar nuanças da luz e suas impressões.
Desse jogo entre aquilo que se vê e o que se imagina é instaurada uma criação artística marcada pelas ambiguidades. Surge daí o prazer de ver as obras de Marcelo Lopes, pois seu valor plástico está fundamentado naquilo que ela não explicita, mas que aponta como possibilidade de visão de mundo, muito mais voltada para o interior do que para o exterior.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br