As implicações da pandemia sobre a saúde mental ainda não estão claras e devem demorar algum tempo para ser melhor dimensionadas. O confinamento recomendado para combater a disseminação do novo coronavírus trouxe, traz e ainda trará consequências diversas na maneira de relacionamento de cada um com si mesmo e com o mundo.
Pintada com tinta acrílica sobre papel, a obra “Sala de TV”, de Wander Melo, de Rondonópolis, MT, retrata artisticamente uma situação muito comum neste período de pandemia. O casal que assiste às notícias da TV sobre a COVID-19 apresenta um momento em que ficamos todos perplexos perante uma situação nova que demoramos a compreender.
Um elemento muito significativo da imagem é a proximidade da linguagem visual utilizada pelo artista entre a janela e a tela da TV. Vale ressaltar que essas foram duas das principais maneiras de nos relacionar com o mundo. Olhava-se para a vizinhança com uma frequência muito maior que a anterior e para os telejornais com ansiedade pela busca de respostas.
Hoje sabemos que higienização, máscara e isolamento social são as alternativas de combate enquanto a vacina não vem. As tonalidades de cor auxiliam a criar essa atmosfera estática e silenciosa de enfrentar um ser invisível sobre o qual muito há a aprender. Imagens como as de Wander Melo são um passo na dimensão mental e social desse processo.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br