O desejo do artista plástico Ronaldo de Sousa Araújo de que “a vida volte a ser simples” está muito bem expresso no trabalho visual que acompanha este post. Um dos maiores aprendizados deste momento histórico seguramente pode ser justamente essa retomada das ações cotidianas, reencontrando nelas o seu encantamento.
O trabalho do artista tem justamente essa característica de representar uma cena de praia em que é vendida água de coco. O grande tema que surge então é justamente até que ponto a cena é real ou imaginada. Não que isso tenha uma importância decisiva no resultado final, mas revela indicativos do processo criativo.
Realizar uma obra a partir da observação direta ou de memória traz implicações no ato do fazer que são dignas de reflexão. A partir de um modelo vivo, há referências concretas a serem seguidas com maior ou menor liberdade de acordo com o caso. Já aqueles que preferem seguir as referências mentais do que viram tende a seguir por um rumo de maior liberdade.
Ronaldo de Sousa Araújo com sua busca pela retomada de uma vida simples alerta para o legado que a pandemia pode nos deixar: o de uma sociedade em que o coletivo supere o individual e no qual cada um possa se sentir mais feliz e realizado com o aproveitar de cada momento. Será que essa aprendizagem fica?
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br