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Comunidade

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28/08/2020

A arte é mágica porque ela não para. Por mais feliz ou mais triste que seja o momento pessoal ou coletivo, há criadores mexendo seus neurônios e prontos a realizar as mais variadas obras, com diversidades de matérias-primas e de abordagens em uma espécie de compulsão por manifestar as suas relações com o mundo.

Elsa Farias, por exemplo, terminou, dia 27/8/2020, o trabalho Comunidade", exemplo de arte sustentável realizada com caixinhas de chá, de remédios, folhas de pacote de torradas, papel toalha e bandeja de doces de isopor e tinta acrílica sobre um painel de cortiça. A reunião de elementos traz uma visão de cada um de nós e do conjunto da sociedade.

Cada pessoa reúne em si, como mostra Elsa, diversas manifestações, imagens e janelas de si e dos outros. Ela se vê de um jeito, a sociedade a vê de outro, e ela gostaria às vezes de ser outra coisa. Nos processos artísticos, isso também ocorre. O criador realiza um trabalho, o público o interpreta de maneira diferente e, muitas vezes, o autor gostaria de um outro resultado.

Surge assim um jogo de satisfações e insatisfações permanentes e altamente motivadoras. A continuidade do processo criativo é ainda mais enriquecedora, nessa óptica, quando se dá a partir da reciclagem de materiais, pois o que ocorre, em última instância, é uma constante reciclagem do próprio artista em relação a si mesmo e ao mundo que o cerca.

Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br