Analogia de vidas
A arte pode ser um caminho para desvendar pessoas. Existe nela o potencial de desvendar distintas sensibilidades que se manifestam na maneira que se cria e na forma que se observa. A reflexão provém da pintura de Ivone Teixeira Carvalho que acompanha este post e que participou de uma exposição no Museu do Café em Santos, SP, com o tema “Retratando o Interior” (“Analogia de vidas”).
Surge no trabalho, com seu vigor e beleza, uma delicada e colorida borboleta a comandar uma sinfonia de tonalidades que nos alerta para o valor da vida. E ela surge entrelaçada com um DNA, ou seja, com a própria matiz e digital da vida de cada um de nós. Observando tudo, está lá um olho, tradicionalmente associado ao espelho d’alma e das emoções.
A existência é representada assim como uma coletânea de fragmentos da vida, onde estão espinhos e alegrias, que o corpo enfrenta com toda a sua força, desde a energia bombeada pelo coração ao ar que respiramos pelos pulmões. Isso sem esquecer os outros órgãos em sua jornada existencial, na qual cada um apresenta a sua função específica.
O todo da imagem fascina. O físico e o simbólico são associados na obra por meio da interação entre seus diversos elementos. Acima de tudo, o impacto está na harmonia alcançada, pois a borboleta tem no seu DNA justamente a capacidade de nos maravilhar, de mostrar como a arte pode ser um caminho para que possamos conhecer melhor a nós mesmos e ao mundo.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br