22/08/2020
Para tornar o Dia do Folclore uma onipresença, Silvia Maia, de Embu das Artes, SP, manda a tela “Iara, Mãe d’água”, que traz outros personagens folclóricos, como o Saci Pererê. Mas vamos nos concentrar nessa sereia, que enfeitiça os homens. Sua parte superior é de rara beleza, mas, embaixo da linha da cintura, embaixo d’água, ela tem corpo e cauda de peixe.
Com seu canto sedutor, atrai para, logo depois, matar. Os poucos que sobrevivem precisam de um pajé ou benzedeira para fugirem da loucura e retomarem a vida normal. Mas qual é a origem dela? Conta-se que Iara era linda, trabalhadora e corajosa. Por isso, despertava inveja, principalmente de seus irmãos homens, que decidiram matá-la.
Eles se aproximaram dela à noite, mas ela percebeu e os matou. Com medo da reação do pai, pajé da tribo, Iara fugiu, mas foi encontrada e atirada no encontro do rio Negro com Solimões. Os peixes, porém, a salvaram e a trouxeram à superfície, na lua cheia, transformada em sereia, com os mesmos cabelos longos e olhos verdes, mas com sede de vingança dos homens.
Com variações pelos recantos do Brasil, a lenda é ainda acrescida pelos relatos de pescadores que narram histórias de jovens pescadores que teriam cedido aos encantos da tentadora Iara, morrendo literalmente afogados de paixão, pois ela, ao receber o abraço amoroso, os levava sem soltar para o fundo d’água. Quantas imagens a obra de Silvia Maia evoca!
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site
www.oscardambrosio.com.br