Mona quase lisa
A pintura “Mona Lisa”, de Leonardo da Vinci, talvez seja a obra de arte mais conhecida do mundo. Iniciada em 1503, é uma referência pelo olhar, pelo sorriso, pelos mistérios de seu processo de criação e pelo uso da técnica do sfumato, utilizada para criar suaves gradações de tonalidades.
“Mona quase lisa”, de Rosângela Politano, de Socorro, SP, é uma obra que proporciona uma viagem pelas pinturas do artista italiano. A protagonista aparece segurando um espelho diante de sua penteadeira com perfumes e um vaso de porcelana com o azul borrão feito em Monte Sião, SP, cor que consagrou nacionalmente a cidade, que é da mesma região que a da artista.
Quem faz a chapinha é outra musa de Leonardo, Ginevra de Benci, dama da aristocracia da Florença do século XV, pintada entre 1475/78. Portanto, Mona Lisa não assume os cabelos brancos e mais crespos que a idade traz – e quem cuida do seu bebê é outro “quadro” de Leonardo, a Madona do Fuso, da qual só sobraram reproduções.
Enquanto isso, Leonardo espera a sua modelo. Também aguardam a sua vez de serem pintadas a Dama com Arminho (Cecília Gallerani, na vida real) e La Belle Ferronniere (desconhece-se a representada, se existiu), duas obras encomendadas a Leonardo por Ludovico Sforza, mecenas do pintor, que também solicitou ao mestre a célebre Santa Ceia.
A ambientação da cena com o artista italiano e suas retratadas ocorre na cidade de Socorro, na primavera, em setembro, quando os ipês amarelos florescem. Assim, o Renascimento italiano se muda para a cidade paulista e, nesse processo, todos mergulhamos na arte, bem maior que ultrapassa todo tipo de fronteira.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br
