Os artistas naifs, dentro de sua diversidade, têm alguns aspectos comuns muito importantes. Um deles é a sua capacidade de funcionar como antenas parabólicas do mundo. Fatos cotidianos, sejam alegres ou tristes, costumam ser transformados em obras, no que constitui, muitas vezes, quase uma reportagem visual de um momento histórico.
Este momento de pandemia comprova essa linha de pensamento. A obra de Elsa Farias que ilustra este post revela como essa mágica criativa acontece. A tela dá vida artística à imagem que vem viralizando pelas redes sociais de um casal de idosos que, no Rio de Janeiro, RJ caminham pelo calçadão vestidos de astronautas.
Para conseguir sair com segurança de casa, o contador aposentado Tércio Galdino Lima, 66 anos, que tem um problema crônico pulmonar, se inspirou num médico de São Sebastião, SP, que se fantasiou de dinossauro para ver o filho, após quase 40 dias afastado da família por atuar na linha de frente no combate à COVID-19.
Apaixonado por astronomia, graças a um tutorial na internet, Tércio fez o capacete com uma bola, papel cortado, cola e massa acrílica; o macacão é o usado por profissionais de saúde; e os adesivos da Nasa, a agência espacial norte-americana, deram um toque especial. A esposa Alicea, corretora de imóveis, aderiu; e a pintora Elsa Farias os imortalizou.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br