Será que o mundo pré-pandemia, ao se quebrar perante a COVID-19, tanto na área de saúde como na econômica, estaria, de fato, sendo o berço de um novo mundo no qual as pessoas poderão viver com maior equilíbrio e harmonia, dentro de um espírito mais solidário de união em nome de ideias comuns?
Essas questões surgem com força quando se observa a peça que a artista visual e ceramista Eliana Tsuru prepara para exposição que vai tematizar justamente o universo físico e simbólico relacionado ao novo coronavírus. Existem diversos aspectos técnicos no trabalho que envolvem desde a modelagem até a queima.
Um fator essencial está na simbologia desse mundo. Trata-se de um mundo novo que alude, em diversas instâncias, à ideia de um ovo, no sentido de uma renovação, de um recomeço, de multiplicação da vida rumo à construção de um planeta mais justo, no qual se possa viver melhor.
É significativo pensar que a modelagem de uma peça como a que ilustra este post é feita com as mãos – e, em boa parte das mitologias, a criação dos seres humanos ocorreu justamente a partir do barro ou da argila. Cristaliza-se assim a ideia de que a arte cerâmica tem uma relação profunda com a ação demiúrgica, no sentido de criar novos mundos a serem desvendados.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br