As temáticas envolvendo o novo coronavírus, que perpassam, é claro, a COVID-19 e a pandemia, podem ser trabalhadas das maneiras mais díspares possíveis. Inicialmente há uma tendência a tratar o assunto de maneira mais figurativa, mas o universo da abstração reúne elementos que propiciam trazer ao centro das atenções reflexões densas.
A imagem que ilustra este post não é um trabalho plástico, mas um exercício visual do pensamento da criadora visual Ana Maria Bauer sobre os caminhos que a abstração pode seguir para representar este momento da humanidade. Seu ponto de partida está na rica simbologia da imagem dos casulos, enquanto potência de transformação.
A emblemática imagem da feia lagarta que se torna em irresistível borboleta é uma metáfora plena se sentidos, sendo o principal a ideia do renascimento, com suas múltiplas conotações, principalmente no que diz respeito a passar um período enclausurada para sair à luz plena de energia e beleza.
Expressar essa dualidade entre estar reservado e quieto antes de ganhar a dinâmica no espaço por meio de uma construção visual não figurativa é um desafio de primeira ordem. Trata-se de uma jornada de busca espiritual de encontro com si mesma e com o mundo que Ana Maria Bauer se propõe a realizar com seus recursos técnicos e sensibilidade.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br