Acompanhar uma obra em processo possibilita uma série de reflexões dos caminhos que o artista adota no percurso. O resultado de um trabalho decorre justamente das escolhas realizadas, sejam elas mais ou menos conscientes. Cada vez que se busca uma cor ou uma forma ou uma composição caminha-se em uma direção, mesmo sem rígido planejamento.
Ao tratar o tema do novo coronavírus e da consequente pandemia, Hosana de Araújo, na obra que acompanha este post, traz uma obra em processo que fascina pela narrativa que começa a ser incorporada. Além da presença do microrganismo e da cor amarela como predominante, é possível acompanhar a construção de um próprio raciocínio visual.
Merece destaque a presença da imagem que alude aos profissionais de saúde, que vem desempenhando um papel essencial em todo o atual processo de buscar salvar pessoas ainda sem a existência de um remédio de eficácia comprovada pela ciência. A estrutura visual, ainda a ser completada, alerta justamente para esse movimento interno do olhar do observador.
Uma das fascinações de criar é justamente vivenciar como os percursos de cada um se alteram na própria obra. Da ideia à execução, existe uma caminhada única e individual. Cada elemento colocado e cada camada ou tonalidade são os passos de uma jornada. Criar uma obra é assim análogo a gerar uma vida: as reflexões em busca da inatingível perfeição nunca param.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br