Arte em tempo de coronavírus (570)
O que são acertos e erros no trabalho artístico? É muito interessante pensar como essa questão surge em diversas manifestações visuais, principalmente em um universo em que o imprevisível se faz muito presente, como é o da cerâmica, onde, tanto no processo da modelagem como no da queima, acidentes de percurso são muito presentes.
Um dos projetos da artista plástica Eliana Tsuru para tematizar a questão do novo coronavírus, da COVID-19 e da pandemia lidava justamente com uma peça simbolizando o mundo, uma espécie de ovo do qual seria possível ressurgir uma sociedade transformada e mais entrosada entre si e com a natureza como um todo.
No momento em que a peça quebra, como aparece na imagem que ilustra este post, pode parecer que tudo está perdido e que todo o trabalho e o tempo foram desperdiçados. No entanto, a prática mostra que justamente desses imprevistos, erros ou surpresas podem surgir grandes resultados, pois há aprendizagem e possibilidades de reutilização.
A peça pode ter novas histórias, sendo repensada ou queimada ou reaproveitada ou ainda passando a integrar novos projetos. Quando se pensa que a arte não tem acertos ou desacertos nem vitoriosos ou derrotados, portanto, admite-se que todo passo é essencial na vereda da construção de si mesmo enquanto artista perante o mundo.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br
