As artes são um universo muito mais do sugerir do que do explicitar. Boa parte de seu mistério está justamente na capacidade de desafiar o observador. Perante um quadro ou outra manifestação visual, o artista estabelece a sua relação com o mundo e a devolve das maneiras mais diversificadas possíveis.
Quando Rosana Amato nos traz o seu jardim, o que temos, de fato, é uma imagem que conduz aos universos do perceber e do sentir. Aquilo que está implícito é sempre o mais importante. Quem vê potencializa a sua experiência das formas mais incríveis, já que, se não há limite para criar, muito menos existiria para fazer a leitura daquilo que se vê.
Um dos segredos para fazer essa mágica da arte funcionar está no próprio processo criativo. Quanto mais ele é de dentro para fora, no sentido do artista se dar a liberdade de transformar aquilo que a chamada realidade oferece, maior é a possibilidade e se obter um resultado visual expressivo.
O caminho plástico de Rosana Amato passa justamente por essa discussão de como a arte traz múltiplos elementos de percepção do mundo. Ao renovar o que vê, o criador possibilita novas liberdades expressivas e interpretativas a si mesmo e ao público, o que permite que cada obra seja um jardim prolífico de sensibilidades.
Esta obra faz parte da Coletânea do Projeto Dias de Reclusão.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br