A célebre frase “Navegar é preciso, viver não é preciso”, imortalizada na obra do poeta português Fernando Pessoa, provém do general romano Pompeu. Ele, acampado com suas tropas na Sicília, recebeu mensagem do imperador da necessidade de levar alimentos para Roma, capital do Império, acossada por uma rebelião de escravos.
Para convencer os soldados a sair do conforto para enfrentar uma árdua jornada, pronunciou a hoje mítica frase, que nos auxilia a penetrar na obra de Alex Állen (@alexallenarte). No díptico “Mar e Velas”, por exemplo, evidencia-se a presença do movimento, seja pelas texturas utilizadas que dão à percepção de volume, seja pela maneira impressionista de tratar a luz.
O que mais impressiona no trabalho é o conceito de caminhada tão bem exposto pela frase romana que ganhou sotaque luso. Os trabalhos do artista parecem indicar sempre esse exercício de construção de uma obra fundamentada na capacidade de se renovar a todo instante.
O conceito de “preciso” tem, na mencionada citação, dois sentidos. Está o da necessidade de realizar uma ação, mas, acima tudo o da exatidão. Para navegar, pode-se usar a bússola a indicar caminhos exatos, mas a jornada pela vida – e pela arte que dela faz parte – é imprecisa por natureza. Assim, artistas como Alex Állen trilham seus caminhos. Ainda bem...
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Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br