A arte pode ser uma maneira de um criador visual refletir sobe a realidade circundante. Ao representar um determinado ambiente traz reflexões sobre diversos aspectos da sociedade contemporânea. É o caso da obra “Reféns do Capitalismo”, de Ge Guevara, que traça um panorama que perpassa diversas facetas do Brasil.
Ao fundo, estão quatro segmentos do mundo das finanças e do consumo: supermercado, banco, loja de moda feminina e de comércio de brinquedos. As mensagens de crédito, de liquidação e promoção ilustram bem a necessidade de atrair clientes, que enfrentam um sério momento de dificuldades econômicas.
Formas de trabalho informais, como vender produtos ou limpar vidros de carros nos semáforos se tornam alternativas, assim como trabalhar como motoboy ou catar sucata a ser reciclada. São maneiras para enfrentar o desemprego. A imagem central da tela, em que uma senhora negra carrega uma criança no colo e outra caminha ao seu lado é emblemática de pessoas em busca de futuro.
O trabalho de Ge Guevara como um todo consegue juntar distintas cenas para estabelecer um triste panorama social. Cada uma delas individualmente e o conjunto apresentam uma visão de um momento em que a sociedade vive no qual as tensões e a capacidade de resistência e de renovação popular igualmente impressionam.
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Coordena o projeto @arteemtempodecoronavirus e é responsável pelo site www.oscardambrosio.com.br