Se você quiser mergulhar, de uma maneira bem-humorada, criativa e misteriosa, inclusive com pitadas de horror, sobre o que é arte e como funciona o mundo das galerias e museus, não deixe de ver o filme “Velvet Buzzsaw”, de Dan Gilroy, disponível na plataforma Netflix.
Temos aí um prato cheio de motivações para reflexão. Cada personagem fornece importantes pistas para mergulhar no sistema da arte:
Jake Gyllenhaal interpreta um crítico de arte bissexual que influencia o mercado com seus pareceres aparentemente isentos, até que decide utilizá-los para agradar a amante;
Rene Russo é uma galerista sempre em busca de novos talentos desconhecidos, de artistas em ascensão ou de revitalizar talentos consagrados em crise criativa;
Toni Collette atua como consultora de um grande colecionador, negociando com galeristas e museus, fazendo valer o poderio econômico de se empregador;
Zawe Ashton representa a jovem funcionária que encontra, em um vizinho que morreu repentinamente, um artista nato e ascende no mercado colocando suas obras no circuito;
John Malkovich é o pintor célebre que busca a econexão com si mesmo para recuperar a força criativa;
Daveed Diggs dá vida a um criador talentoso indeciso entre permanecer em um coletivo independente ou fazer milionária carreira solo; e
Natalia Dyer atua como uma assistente de galeria que defende apenas os próprios interesses – e progride na carreira.
O filme funciona como um curso completo do mercado de arte, desvendado seus integrantes na prática cotidiana do mercado. Sucessos e fracassos são determinados por múltiplas variáveis, como qualidade de um trabalho, biografia do criador, currículo do descobridor e representante do artista. É muita complexidade, mas a obra de Gilroy dá conta – e muito bem!
Oscar D'Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura
Mestre em Artes Visuais
jornalista, crítico de arte e curador.