Muito se fala sobre a importância do brincar. Todos concordam que ela é essencial, mas por que, de uma forma ou de outra, parece haver resistências ou ameaças em uma sociedade voltada para o produzir, onde o ócio nem sempre é bem visto? Talvez não se tenha plena consciência do pensamento que brincar é coisa séria.
Proporcionar espaço para as brincadeiras é, de fato, sem brincadeira (rs!), algo essencial. Trata-se de permitir espaço para a flexibilidade, ou seja, para agir sempre de modo que o espaço para brincar seja uma maneira de gerar situações em que ocorra um efetivo diálogo aberto, marcado pela liberdade do falar e do sentir.
Jogar é uma maneira de compreender o mundo. Se regras são aprendidas, também são testadas habilidades e, o mais importante, pode-se aprender a ganhar com humildade e a perder sem rancor. E tudo isso está permeado pela linguagem motora e verbal, pois revelar abertamente emoções ou escondê-las faz parte, queiramos ou não, do jogo de viver.
Se brincar sozinho enriquece a imaginação, os jogos em grupo são caminhos para praticar a cooperação e vivenciar situações para ser líder ou liderado. Em síntese, a criança pode manifestar sentimentos de prazer e de desprazer num exercício que prepara para a vida adulta, universo em que as aparentes simplicidades infelizmente se complicam – e muito!
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.