Dança existencial
Um dos diferenciais do trabalho de Celeste Gimenez é o seu processo criativo. Ela parte do estudo do tema da bailarina, entendida como uma espécie de mulher idealizada em termos do equilíbrio que conquista sobre o próprio corpo, para construir pequenas e médias esculturas em arame com o auxílio de alicates.
O passo seguinte é jogar um foco de luz sobre essas elaborações e traçar os contornos das sombras projetadas sobre a tela. Em seguida, são feitos estudos de como ocorrerá a pintura com tinta acrílica, geralmente com cores puras e contrastantes. O resultado final em nada lembra as bailarinas, trazendo à tona formas orgânicas.
A delicadeza e a leveza das formas sugeridas evocam toda uma reflexão sobre a questão da feminilidade e do papel da mulher contemporânea. Os pontos de harmonia dessa mulher estão associados à complementaridade de suas forças, o que inclui o poder do útero de gerar a vida e da barriga de guardá-la.
Celeste Gimenez consegue dessa maneira, a partir de referências de Degas, por exemplo, construir uma obra que se sustenta pela pesquisa constante, procura do aperfeiçoamento e certeza de que uma caminhada promissora se dá em cada passo da dança existencial de cada um de nós.