A força de uma tradição
Poucos países do mundo têm uma arte tão rica e, ao mesmo tempo, tão massacrada culturalmente como o Peru. As culturas andinas, numerosas e, infelizmente pouco conhecidas amplamente, são um manancial maravilhoso de possibilidades plásticas a serem desenvolvidas por criadores contemporâneos.
Carlos Atahualpa é um representante dessa estética e da transição da arte peruana para a nossa época. Nascido em Lima, em 1964, inicialmente autodidata, começou a pintar aos 10 anos envolvido pela atmosfera familiar e pelas mais variadas referências. Sua poética é a resposta de nosso tempo a um percurso milenar.
O que mais impressiona em seu trabalho, além do uso dos azuis, é a maneira como lida com os ocres. Eles aludem à cultura da cerâmica e do barro, tão forte no seu país natal e, acima de tudo, apontam para as releituras criativas que a arte pode propiciar.
Radicado em Brasília, Carlos Atahualpa dá à suas raízes indígenas a oportunidade de explorar novos espaços cromáticos e de composição. Busca seus próprios caminhos, mas com a convicção de que o autêntico artista é quem consegue retirar de suas raízes a força para a construção de uma trajetória.