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Bruno Sipavicius

Bruno Sipavicius

O pensar do fazer

Há artistas para quem o conceito que acompanha cada desenho, pintura ou performance torna-se um aspecto fundamental. Existe, nesses casos, um metatexto que inclui o planejamento do trabalho visual e o seu embasamento filosófico sem o qual a própria obra pode perder muito de seu sentido para o observador.

Bruno Sipavicius é um desses criadores. É na pesquisa de Joseph Beuys, por exemplo, que encontra uma forte referência para conceber o processo artístico com uma importância tão grande como o resultado. Não basta fazer arte, mas é necessário pensá-la como ação social.

Parte de sua produção apresenta figuras em fundo negro, marcadas por gestos largos,  numa poética com grande influência do barroco. Trata-se de um trabalho denso, em que a técnica caminha ao lado de uma reflexão sobre a existência, permeada pelo estudo de artistas, como Yves Klein e Malevich, e filósofos como Nietzche, e  caracterizada por uma visão muito pessoal do significado – caso isso exista – da vida.

Sua chave principal, porém, reside na criação de sistemas. A partir da tríade que concebe cada pessoa composta por aspectos biológicos, racionais e emotivos e pelo uso das cores verde, azul e vermelho, consegue criar relações combinatórias que se multiplicam infinitamente.

Os desdobramentos e possibilidades desse sistema ocupam a mente de Bruno em construções complexas. Trata-se da maneira como ordena o mundo e, ao apresentá-lo, cria interrogações e motiva as mentes. O público tem assim a oportunidade de refletir sobre a própria existência.

Bruno Sipavicius  não se limita a criar, mas se obriga a refletir sobre tudo aquilo que faz. Em certos momentos ligado ao expressionismo alemão, sua poética surpreende pela maturidade na elaboração e, acima de tudo, pelo progressivo processo de pesquisa técnica, fazendo com que o refletir e o fazer permaneçam de mãos dadas.