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Athayde Lopes

Athayde Lopes

Um realismo romântico

  O poder da figura é  imenso. Quando se está perante uma interpretação do real na pintura, não se pode ter a ilusão de que aquilo é o real. Trata-se de um simulacro, sempre pleno da visão de mundo do artista, das suas escolhas individuais sobre aquilo que pintou e sobre a forma de fazê-lo.
  Athayde Lopes tem nas suas obras elementos diferenciadores como os fundos azuis. Quando pinta um campo com uma boiada ou cenas do interior de Minas Gerais instaura todo um lirismo, muitas vezes com pinceladas curtas, gesto que dá dinamismo às suas telas.
  Os verdes obtidos quando ele se debruça sobre os temas rurais também são bastante expressivos. Há uma densa pintura nos charcos, por exemplo, que juntam os ocres da terra, os azuis da água e o reflexo das tonalidades do céu. A criação desse tipo de atmosfera envolve o observador pela qualidade técnica e sutileza.
  É bastante comum nas obras do artista uma mescla de beleza com um clima de algum modo triste ou nostálgico. Solidão e abandono são assuntos que surgem diversas vezes e de maneiras variadas. Isso comprova que não basta ter habilidade para ser pintor.
  É necessário que a ação do braço acompanhe o pensamento. Isso acontece, por exemplo, na imagem de um navio abandonado na praia. O tema, cristalizado por Daniela Thomas e Walter Salles, no filme Terra estrangeira, de 1995, com fotografia de Walter Carvalho,  mescla a figuração realista com a idealização  romântica.
  O artista plástico Athayde Lopes dá às suas criações uma visão de mundo em que pintar não é um fim em si mesmo. Suas imagens, no fundo, falam sempre dos seres humanos que somos ou que não somos e gostaríamos de ser. Cada quadro expressa que a arte merecedora desse nome é uma representação plena de conotações.