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Argênide

Argênide

O jogo das distâncias

  Ser artista plástico é muito mais que produzir uma obra de arte. Exige o desenvolvimento de um pensamento e, acima de tudo, de um exercício do ato de olhar que constitui um desafio além dos bancos das instituições de ensino. Demanda libertar-se de si mesmo para olhar os outros e vê-los como telas, fotos ou instalações em constante processo de ir-e-vir.
  Engenheira agrônoma e paisagista, Argênide encontrou seu ato diferenciado de olhar primeiramente no trabalho com pigmentos e com o papel artesanal como  obra de arte propriamente dita e não apenas como suporte para receber uma tinta ou uma impressão. Sua preferência por retratos mostra o interesse pelas pessoas como seu ponto de partida para expressar plasticamente o mundo.
  Ao criar com a tinta acrílica, trabalha com a relação de espaço. De perto, tem-se a impressão de um abstrato caracterizado por todo um fazer e um pensar em que a geometria é fundamental. À medida que ocorre o afastamento, nota-se que está ali um retrato. É nesse jogo entre as distâncias que o trabalho da artista, nascida em Salto, SP, em 9 de dezembro de 1961, e radicada em Campinas, SP, ganha força.  
  A formação da figura pela construção detalhada constitui um desafio que exige paciência e domínio técnico. Não se trata, porém, de mero exercício de combinação. Demanda visualizar a realidade pela composição de numerosos fragmentos, sem sentido a não ser que articulados num todo maior, pleno do maduro conceito de ordenação poética em que o todo, além de ser maior que a soma das partes, constitui um universo lírico autônomo.