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Antônio Vieira

Antônio Vieira

A leveza da pedra

Há no processo escultórico do artista goiano Antônio Vieira um sucessivo processo de conquista do espaço. As formas ganham verticalidade no sentido de atingir maiores dimensões e de levar o observador a não perceber como ele trabalha com materiais de peso e densidade elevadas.
  Suas obras em que predomina o abstrato são exemplares legítimos do que se costuma entender como características da arte contemporânea: a mescla de materiais e a busca constante de uma inovação. Seria necessário sempre o risco de experimentar sem medo para realizar com competência.
  Foi no convívio com a escultora Neusa Moraes que Vieira teve a oportunidade – muito bem aproveitada, cabe ressaltar – de pesquisar soluções técnicas. Isso o leva a mesclar materiais e a trabalhar com a pedra-sabão e a esteatita, mais dura, ou mesmo com pau-brasil, para fazer pássaros surgidos da atmosfera do sonho.
  A fragilidade da natureza e do ser humano é apresentada não só nos eixos que ligam a terra aos céus, mas também na maneira de se valer das formas circulares. Estabelece assim composições cada vez mais ousadas em que o hábito de deixar parte da matéria-prima aparente constitui, como na pintura, uma declaração de princípios.     
  Antônio Vieira respeita os materiais e sabe que o escultor de talento é aquele que adapta o projeto feito à dureza e às condições que encontra em cada pedra ou madeira. Ter essa humildade dignifica o artista goiano, que oferece ao observador que, ao se afastar do figurativo, cria jogos visuais repletos de ludismo no trato com o espaço.