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Angelo Palumbo

Angelo Palumbo

Do desenho ao digital, do digital ao desenho

Há artistas plásticos viscerais que deixam a sua marca em tudo aquilo que fazem. Angelo Palumbo é um deles. Seu pensamento está além dos modismos e daquilo que a academia tem prazer de rotular. A sua discussão é outra. Cada imagem que cria é um resultado de uma memória afetiva e porta uma interpretação do mundo.
A utilização de ícones como a estrela, a coroa, o coração e o bastão – associado às imagens das cartas do tarô – vinculados, respectivamente, aos conceitos de dignidade, liberdade, amor e morte, entendida como transformação, aponta para a construção de um universo em que a habilidade do desenhar e a do pensar caminham em paralelo.
Cabe ao observador do trabalho estabelecer relações a partir dos elos que se dão no mundo das formas e das cores. Surgem assim séries de pequenas imagens que se distinguem pela presença do dourado, por exemplo, cor que carrega em si mesma toda uma espiritualidade e essência arquetípica.
As interferências sobre objetos encontrados no cotidiano, como bolsas femininas, os mais variados tipos de papéis e, principalmente, caixas de sucrilhos, resultam num depoimento sobre o mundo. A partir de fundos pré-existentes, Angelo Palumbo ergue um castelo de imagens, próprio, diferente e questionador.
A obra do artista combate qualquer espécie de acomodação do pensamento. A sua trajetória é a do criador de imagens, seja a do movimento frenético de pistas de dança, pela sua experiência como programado visual, artista multimídia e VJ, ou pelo gradual desenvolvimento de um percurso pleno de consistência.
Angelo Palumbo faz arte com prazer. Cria cada peça não por uma obrigação ou encomenda imposta por galerias, curadores ou instituições. Seu diálogo, seja em desenhos de pequenas proporções ou em arte digital, é com si mesmo – e seu talento está em pôr em evidência essa conversa universal e questionadora sobre o conformismo da sociedade.