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Ana Prata

Ana Prata

O vazio cotidiano

  A pintura porta sempre um grande mistério. Figurativa ou não, parte da realidade que conhecemos e mergulha num universo de formas, cores e técnica para resultar numa interpretação, mais significativa quanto mais forte for a autenticidade do artista e sua capacidade de tornar a sua inquietação um trabalho plástico.
  Nascida em Sete Lagoas, MG, em 9 de dezembro de 1980, Ana Prata é uma pintora que concebe o espaço de forma diferenciada. A marca principal de sua poética está no uso dos vazios como mecanismos de expressão. As composições tendem a mostrar seus personagens imersos num entorno que os engole e relativiza.
  Trata-se de um exercício contrário à vaidade que pode assaltar e assolar alguns artistas. Suas pessoas, cães ou espaços surgem dominados por um tom acinzentado, rebaixado, como a declarar que a arte é sempre uma grande ilusão, uma mera representação, onde obras ou momentos de êxito são sempre ilusórios e temporários.
  Pela pintura, assuntos cotidianos ganham, dessa forma, uma dimensão épica. O que pode parecer pequeno e insignificante pode ser grandioso e questionador pela forma de ser tratado plasticamente. O recorte utilizado e o olhar interpretativo se cristalizam em telas que perguntam o porquê das coisas e do mundo.
  Ana Prata traduz a sua inquietação numa busca que revela uma visão bem pessoal do espaço. Constrói obras em que o assunto, ou seja, a imagem levada para a tela, é o menos importante. O seu desafio está na transposição para a linguagem pictórica de uma discussão sobre o vazio existencial cotidiano de cada um de nós.