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Amanda Mei

Amanda Mei

Restos de um naufrágio

Um os maiores desafios das artes visuais contemporâneas está na dificuldade de compreender, ou pelo menos de estudar, o caminhar deste início de século XXI, marcado por forças antagônicas e simultâneas, como a globalização e o regionalismo, além da busca pelo coletivo e a predominância do individualismo.

O trabalho de Amanda Mei, especificamente o exposto no 12º Salão Paulista de Arte Contemporânea, caminha justamente sobre a reconstrução dos restos de uma civilização em crise visceral, mas sempre pronta a recomeçar, num eterno ciclo urobórico, em que não existe fim, mas circularidade permanente.

O elemento principal no jogo proposto pela artista paulistana, nascida em 15 de junho de 1980, é a criação de ambientes e atmosferas a partir daquilo que parece um resto, um refugo. Recolocar o abandonado e integrá-lo numa nova perspectiva constitui uma prática existencial.

Retirar das gavetas dos armários da memória a energia e os objetos a serem plasticamente oferecidos visualmente constitui uma tomada de posicionamento perante o mundo, pois ver o abandonado e esquecido como possível utensílio de reaproveitamento significa manter a mente aberta para ver o novo no antigo.  

Amanda Mei salva do naufrágio da civilização restos. Não vê o refugo como o lixão do inútil, mas como o jardim do possível. Crê num inesgotável mundo de recriação dominado pelo risco de se lançar ao desconhecido a partir de um conhecimento visual pronto a ser questionado para se renovar sempre.