artistas

Alessandra Teles

Alessandra Teles

Visão de um Paraíso perdido

  A arte contemporânea é um universo dos mais ricos para quem tem a mente livre de preconceitos. Uma de suas principais características é a possibilidade do artista mergulhar em outras culturas e fazer leituras dentro do seu repertório visual e técnico, num jogo de apropriação e criação ilimitado.
  Nascida em Goiânia, Estado de Goiás, em 1967, e formada em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás, Alessandra Teles tem essa capacidade. Ela penetra no universo dos índios Karajá, especificamente nos que ainda sobrevivem às margens do rio Araguaia, e o transforma numa festa visual.
  Existe em seu resultado plástico uma alegria expressa na liberdade no ato de  lidar com as cores. Predominam tonalidades mais quentes de amarelo, laranja e vermelho, numa exaltação da vida. Está ali uma construção poética mesclada pelo respeito à tradição cultural, mas também pela inventividade.
  Alessandra interpreta à sua maneira como os Karajá concebem o mundo formado por três camadas: o  mundo subaquático, de onde surgiu a humanidade e onde habitam entidades protetoras e os antepassados míticos; o terrestre, a atual morada; e o das chuvas, onde moram entidades poderosas. Cabe aos xamãs ligar esses mundos.
  A artista goiana trabalha com símbolos antropológicos muito importantes, como os peixes, o sol e os pássaros. Instaura-se assim uma atmosfera mágica em que as figuras humanas surgem de maneira estilizada e sempre em harmonia com o meio ambiente. Os animais também aparecem em interação com os verdes da natureza.
Na pintura de Alessandra Teles, existe a recuperação justamente do diálogo perdido do ser humano com a realidade que o cerca. Trata-se da manifestação plástica contemporânea da tradicional sabedoria Karajá, um universo que artista traz com talento para o seu trabalho na forma de um lírico Paraíso perdido.